About it

O Larger than Life é um blog de cartas, emails e declarações. Sua criação foi estimulada e incentivada pelo meu maior ídolo, meu exemplo e minha inspiração: uma Professora/Amiga. Ao ler meus emails, ela achou que eu podia acrescentar algo ao mundo e a mim mesma com um blog. So, here it is.
Tudo que está aqui foi, será ou queria ser dito. Infelizmente, nem sempre a vida nos dá tempo e coragem para expressar tudo que gostaríamos a todas as pessoas.
Essa é uma introdução para que os leitores saibam um pouco sobre por que o Larger than Life foi criado.

domingo, 23 de outubro de 2011

I miss you

Teu olhar. Teu olhar que sempre me acalmou e me ensinou. Me ensinou a viver e a o buscar a sabedoria. Me ensinou que, aonde quer que eu fosse, voce iria comigo. Um dia, porém, perdi teu olhar e meu caminho. Te procurei em outros olhos e não te achei. Quanto ao meu caminho, a trilha que me guiava tinha chegado ao fim e eu perambulava sem direção. 
Fechei os olhos meus na procura dos teus. Rezei para tudo ser um sonho e não acordei do pesadelo. Passei, então, a rezar para sonhar com aquele olhar, para me reencontrar. Teu olhar nunca mentiu; voce pode não estar mais comigo, mas está dentro de mim e, assim, vai aonde quer que eu vá.
Tua lembrança é o que me guia e me ensina, desde então; me ensina que a vida está muito além da existência e me incentiva e motiva a me tornar alguém, a buscar o conhecimento e, também, a chegar ao auto conhecimento.
Lembranças...lembro-me das suas brincadeiras quando eu ainda era, praticamente, um bebê. Lembro-me de como inventamos a barata Kafka e de como voce me ensinou a ler. Lembro-me das leituras de livros e olhares, de assistirmos ao Rei Leão juntas. Lembro-me de como voce me apresentou à Mitologia Grega e à História e de quando eu te apresentei a Sandy e Junior e você, apenas para não me frustrar, disse ter gostado.
Lembro-me de como me pediram para que eu rezasse por ti. Lembro-me de quando não pude mais te ver. Lembro-me dos balões de oxigênio que meus pais levavam para você - eles subiam até seu apartamento enquanto alguém ia até o carro e tentava, inutilmente, esconder a verdade de mim. Era tarde demais, tudo já estava muito claro. Eu sabia que conheceria o que, até aquele momento, era apenas um conceito abstrato na cabeça de uma criança ingênua. Ingênua ao ponto de acreditar que a tia aguentaria mais um ano e que, até lá, descobririam a cura do câncer e ela não precisaria entender esse conceito tão abstrato.
Nada disso aconteceu. Numa manhã ensolarada de um Sábado junino, fui acordada pelas lágrimas de mamãe e pelo peso da voz de papai. Os dois vieram me comunicar que voce havia sido hospitalizada, mais uma - e pela última - vez. Mamãe seguiu para o hospital e papai ficou encarregado de me distrair: me levou para andar de bicicleta e cozinhou macarrão com salsicha - minha comida preferida, na época.
O almoço chegou e, com ele, a sinceridade de papai. Lembro-me que papai tentava me preparar dizendo que, talvez, você não aguentasse por muito mais tempo. Mas a esperança não morreu. Fui passar a tarde com os vizinhos que eram muito amigos e tinham uma filha com quem sempre brincava de Barbie - por gosto dela, nao meu. Não me concentrava nas Barbie’s; pensava em você.
Meu pai me buscou, em silêncio. Eu não falava, também. Tinha medo do que iria ouvir e buscava coragem para perguntar. Cheguei em casa e a cadeira de rodas que tinha sido levada, de manhã, voltara. Perguntei por que, mas, no fundo, nunca quis saber a resposta. Meu pai respondeu: “Filha, ela morreu.”
Há 10 anos essa frase ecoa dentro de mim. A consequência dela é no que me transformei. Sou um reflexo de ti e te encontro no melhor que consigo ser. O eco da sua ausência silencia minha alegria e os flashes de sua lembrança ofuscam minha tristeza.
Saudade. 

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