About it

O Larger than Life é um blog de cartas, emails e declarações. Sua criação foi estimulada e incentivada pelo meu maior ídolo, meu exemplo e minha inspiração: uma Professora/Amiga. Ao ler meus emails, ela achou que eu podia acrescentar algo ao mundo e a mim mesma com um blog. So, here it is.
Tudo que está aqui foi, será ou queria ser dito. Infelizmente, nem sempre a vida nos dá tempo e coragem para expressar tudo que gostaríamos a todas as pessoas.
Essa é uma introdução para que os leitores saibam um pouco sobre por que o Larger than Life foi criado.

domingo, 23 de outubro de 2011

Memórias

   “Tive muitos momentos memoráveis com esse avô, principalmente, porque morei com ele por cerca de 1 ano, quando contava 2 anos de idade.
   Apesar de um pouco distantes, as memórias estão muito claras na minha mente. Tão claras que ainda sinto a felicidade, o cheiro e o prazer de cada passeio com ele. Esses são tantos que é difícil escolher uma situação que tenha sido mais importante ou mais memorável.
   Meu avô sempre foi um homem muito religioso e eu sempre o acompanhei em todas os seus passeios. Estávamos, sempre, os dois juntos - não seria diferente com as idas à igreja. Uma vez por semana, lá íamos os 2 acender velas - eu adorava - e eu ficava observando o modo como ele rezava, ao meu ver, apenas mexendo os lábios.
   Com o tempo, passei a imitá-lo, porque queria fazer as coisas como ele. O fato de rezar da mesma forma que ele - ou, ao menos, tentar - era o meu jeito de tentar ser um pouco do que ele era, de ter um pouco da sua bondade. Sempre o admirei. 
   Outra coisa que sempre fazíamos juntos era visitar os patinhos e galos que viviam perto de onde ele morava, Nós íamos todos os dias. Lembro-me, com clareza, das brincadeiras e “conversas” que tínhamos. Eu, meu avô e o patinho.
   Lembro-me, também, do pesar com que meu avô me comunicou a morte desse patinho. Na época, me recordo de pensar:”Poxa, não vou ver mais o patinho...mas por que o vovô está tão triste assim?”. Depois, entendi que era por mim; meu avô se preocupava se eu ia reagir bem ou mal em relação à morte do patinho. Por quê? Porque ele me amava.
   Meu avô e eu não tínhamos um amor calado - por mais que não disséssemos “Eu te amo” um ao outro, líamos amor em outras palavras. Eu não lia amor apenas nas palavras, mas, também, nos olhares. As palavras simples e “comuns” de um homem humilde, e seus olhares foram minha iniciação na literatura.
   A literatura do meu avô falava de amor, de carinho, de cuidado e de atenção. Eu lia tudo isso e sabia que era para mim. E ele?
   Até hoje, não tenho certeza se ele sabia ler os meus olhares e minhas palavras. Creio que sim, porque nelas transbordavam amor. Ele pode não saber ler livros, revistas ou jornais, mas os meus sentimentos, sim. Mesmo porque, eles estavam claros e, ainda que não estivessem, sempre soubemos ler um ao outro.

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